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Embora no âmbito da Topografia se possam incluir tarefas muito variadas, se tivéssemos de eleger uma delas, pela sua importância, frequência e diversidade de aplicações, não haveria grandes dúvidas em optar pelo “levantamento topográfico”. Pretende-se com esta designação abranger tudo aquilo que permite obter, através de observações feitas no terreno e seu posterior processamento, uma representação gráfica a uma dada escala – a “planta” - que inclua uma grande quantidade de informação sobre o terreno e torne possível desenvolver estudos e projectos em gabinete.
Em termos históricos, é muito difícil dizer quando e onde começou esta actividade, pois aparecem referências que remetem mesmo para a antiguidade egípcia, usando técnicas certamente muito rudimentares, substancialmente diferentes das que hoje se designam como levantamento clássico.
Em determinadas circunstâncias, designadamente quando estão em causa pequenas áreas, ou apenas em complemento a outros tipos de levantamento mais elaborados, podem ser usadas técnicas relativamente simples e equipamentos bastante básicos (bandeirolas, fita métrica, esquadro de prismas, etc.) para estabelecer a posição relativa dos pontos do terreno entre si. Consegue-se, também, deste modo ter a informação suficiente para elaborar ou completar um planta topográfica através daquilo que se pode designar por “Levantamento expedito” ou “Levantamento de pormenor”.
Porém, no levantamento topográfico tradicional recorre-se geralmente à medição de ângulos e distâncias, que, em conjunto, permite a localização relativa de pontos no espaço. A evolução da forma de praticar esta actividade está muito de perto relacionada com a evolução tecnológica dos instrumentos utilizados. Por facilidade de operação, estes tentam normalmente concentrar num mesmo equipamento a capacidade de medir os dois tipos de grandezas referidos, sendo que, em relação aos ângulos, se exige também normalmente a possibilidade de efectuar as medidas num plano horizontal e num plano vertical.
Apesar do princípio funcional se manter estável por muito tempo, os instrumentos usados durante os séculos XIX e XX foram evoluindo no sentido do aumento do rigor obtido e da facilidade de operação. Aproveitando o aparecimento de novos materiais e, essencialmente, a capacidade acrescida de trabalhar esses mesmos materiais com maior precisão, seja no que respeita aos componentes da parte óptica, seja em relação aos componentes mecânicos, os fabricantes conseguiram colocar no mercado instrumentos com características técnicas sucessivamente mais apuradas. Este facto reflectiu-se directamente na qualidade do levantamento, na rapidez de execução e na facilidade de manobra.
Já na parte final do século XX, o desenvolvimento da electrónica e, em particular, a miniaturização dos respectivos componentes veio proporcionar um salto qualitativo na construção dos instrumentos, o qual arrastou consigo também grandes modificações nos procedimentos de medição e mesmo nas actividades a jusante da medição.
A implicação mais importante desta modificação tem a ver com o facto de, com recurso à emissão e recepção de ondas electromagnéticas, a medição de distâncias, antes pouco rigorosa sempre que se pretendia um processo rápido e quase sempre dependente de cálculos mais ou menos elaborados, ter passado a ser directamente obtida de forma muito rigorosa e fácil.
O advento dos “distanciómetros electrónicos”, combinados com processos automáticos de leituras de limbos para avaliação dos ângulos e com memórias para armazenamento dos dados, resultou no aparecimento das poderosas e eficientes “estações totais” que actualmente os topógrafos usam quotidianamente no seu trabalho.
Mais recentemente, na viragem para o século XXI, de novo a evolução tecnológica veio permitir uma mudança radical nos conceitos subjacentes ao trabalho de levantamento topográfico. A abertura a usos civis das potencialidades proporcionadas pelos satélites de localização (tipo GPS) permite, teoricamente, fazer a localização de um dado ponto no espaço sem ser necessário relacionar essa localização com a de qualquer outro ponto terrestre. Deste modo, deixa de ser necessário medir ângulos ou distâncias no terreno. Toda a anterior organização do levantamento, baseada num posicionamento relativo dos pontos entre si, pode ser abandonada em favor de um posicionamento absoluto. Na situação actual, para se conseguir melhor precisão, não se pode ainda abandonar totalmente a relação espacial entre dois pontos, mas o novo conceito já existe e a evolução faz-se dia a dia.
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