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Floriram por engano as rosas bravas
Floriram por engano as rosas bravas
No Inverno: veio o vento desfolhá-las...
Em que cismas, meu bem? Porque me calas
As vozes com que há pouco me enganavas?
Castelos doidos! Tão cedo caístes!...
Onde vamos, alheio o pensamento,
De mãos dadas? Teus olhos, que num momento
Perscrutaram nos meus, como vão tristes!
E sobre nós cai nupcial a neve,
Surda, em triunfo, pétalas, de leve
Juncando o chão, na acrópole de gelos...
Em redor do teu vulto é como um véu!
Quem as esparze - quanta flor! -, do céu,
Sobre nós dois, sobre os nossos cabelos?
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Fonógrafo
Vai declamando um cómico defunto.
Uma plateia ri,perdidamente,
Do bom jarreta... E há um odor no ambiente
A cripta e o pó,- do anacrónico assunto.
Muda o registo,eis uma barcarola:
Lírios, lírios, águas do rio,a lua.
Ante o Seu corpo o sonho meu flutua
Sobre um paul,- extática corola.
Muda outra vez: os gorgeios,estribilhos
Dum clarim de oiro - o cheiro dos junquilhos,
Vívido e agro!- tocando a alvorada...
Cessou. E,amorosa,a alma das cornetas
Quebra-se agora orvalhada e velada,
Primavera. Manhã. Que eflúvio de violetas!
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