A vertente ética da investigação científica atual exige séria reflexão. De facto, o universo dos investigadores deixou de se restringir ao que era antes uma elite de “sábios”, para passar a abranger toda uma gama de “seres normais”, cujo contributo para o avanço do conhecimento consiste essencialmente em pequenos passos incrementais. Em resultado desta vertiginosa “democratização” do conceito de cientista, a capacidade de publicar passou a ser condição imprescindível para que qualquer investigador científico possa salvaguardar, enquanto seu, esse mesmo estatuto.
Tal necessidade de sobrevivência, em ambiente altamente competitivo, pode constituir fator de pressão e, por essa via, abrir caminho à tentação de enveredar por formas de atuação cuja maior celeridade na obtenção de resultados de sucesso seja conseguida em prejuízo da imprescindível garantia de qualidade e de fiabilidade. Circunstâncias desta natureza atentam contra a integridade do conhecimento científico, ameaçando gravemente a confiança que a sociedade nele deposita.